Sustentabilidade e a Mobilidade Urbana (II)
O novo contexto global exige cada vez mais o aprimoramento por parte de gestores, empreendedores e da sociedade da capacidade de lidar com os fatores ambientais e sociais nos seus processos de decisão. Assim como, é vital a integração dos fatores ambiental, social, cultural, econômico e legal para se criar as condições de tornar o desenvolvimento sustentável e com isso ocorrer melhorias na mobilidade urbana.
Tendo essa visão por base é que a European Enviromental Agency (EEA), desde 1995, considera que é necessária a adoção de "Cinco Princípios Urbanos de Sustentabilidade" para tornar uma cidade sustentável: minimizar o consumo de espaço e recursos naturais; racionalizar e gerenciar eficientemente os fluxos urbanos; proteger a saúde da população; assegurar igualdade de acesso a recursos e serviços; e, manter a diversidade social e cultural. Princípios esses que deveriam ser obrigações normais das políticas públicas, mas que nem sempre são devidamente considerados; e, que o momento atual impõe aos governantes e a sociedade o desafio de torná-los realidade com inovações e mudanças nos processos de gestão das cidades.
A adoção de atitudes e princípios se torna uma urgência ainda maior tendo em vista que, de acordo com Organização Mundial da Indústria Automobilística (OICA), no ano de 2008, pela primeira vez na história, a frota mundial de veículos atingiu a marca de 1 bilhão de unidades e que, nos próximos seis anos, os países emergentes - entre os quais o Brasil, deverão vender mais carros que os tradicionais mercados dos Estados Unidos e da Europa. Portanto, o tempo é pequeno na busca de soluções para a manutenção de uma mobilidade urbana adequada, que permita a qualidade de vida, o ir e vir das pessoas da maneira mais rápida possível e as cidades com possibilidades de terem seus fluxos de veículos sobre maior controle.
Como se percebe não se pode ficar de braços cruzados com os problemas futuros que se avizinham, visto que a frota de veículos vem crescendo cerca de 75 milhões de unidades por ano e, mesmo com a crise, poderá, segundo analistas do setor automotivo, dobrar até o final da próxima década, essa progressão assustadora com certeza afetará ainda mais a mobilidade urbana e o meio ambiente em nossas cidades, hoje já problemáticos.
Em virtude de tudo isso, investimentos precisam ser priorizados para melhorias e ampliações nos sistemas de transportes públicos, para que a maior parte dos cidadãos acredite no seu funcionamento e, diante da regularidade e conforto, que esse tipo de locomoção pode oferecer, prefira deixar seus carros em casa e usar o transporte coletivo, como ocorre em muitas cidades do primeiro mundo.
Além disso, precisa-se ainda, estudar novas possibilidades de funcionamento das cidades, tais como: horários diferenciados de turnos de trabalhos, nos setores possíveis; ampliação da oferta online de serviços; estímulo ao direcionamento de investimentos para regiões onde haja carência de postos de trabalho, para se evitar deslocamento de pessoas; e, mudanças no paradigma de crescimento do setor imobiliário, estimulando-se, onde e quando possível, uma melhor ocupação de espaços vazios e a substituição de prédios envelhecidos e obsoletos no coração das cidades, assim como a requalificação das áreas tidas como menos nobres em locais de boas localizações, ao invés de expansões desenfreadas do tecido urbano.
Como automóveis fazem parte da cultura da sociedade moderna, e continuarão a existir mesmo com melhorias nos meios de transporte coletivos, deve-se também ampliar os investimentos em pesquisas e tecnologias que os tornem mais eficientes, menos poluidores e cada vez mais movidos a combustíveis renováveis.
É evidente assim, a necessidade da adoção de princípios e diretrizes de sustentabilidade na medida em que se ampliam as preocupações e problemas sócio-ambientais responsáveis pelo declínio da qualidade de vida em muitas de nossas cidades.
Mesmo sendo o Brasil um País com várias megalópoles, havendo um bom trabalho de educação ambiental, planejamento e execução de programas e ações pelo poder público e também pela iniciativa privada, com a colaboração da sociedade, é possível construir mecanismos que deem mais sustentabilidade ao desenvolvimento das cidades e melhorias substanciais na mobilidade urbana, além da criação de uma cultura conservacionista por parte da população. Aspectos vitais para que continue ocorrendo geração de empregos e renda, fatores fundamentais para a estabilidade social e para haver mais proteção ambiental.
Publicado em http://www.folhavitoria.com.br/site/?target=coluna&cid=9 em 28/01/2009 às 17h00
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