quinta-feira, 30 de junho de 2016

Sustentabilidade e a Mobilidade Urbana

Sustentabilidade e a Mobilidade Urbana (I)


A manutenção da qualidade de vida, a proteção ambiental e a  mobilidade urbana são fatores determinantes na criação de oportunidades, assim como nos riscos e problemas para as sociedades urbanas. A busca do equilíbrio nessa equação transformou-se em um dos  maiores desafios da atualidade na gestão das cidades. 

É importante ser entendido que a temática  mobilidade urbana é um  dos componentes cruciais para a sustentabilidade do planeta,  visto que, falar em mobilidade urbana significa falar no deslocamento de milhares e/ou milhões de pessoas por dia, no transporte de infindáveis toneladas de inúmeros produtos, e por aí vai... Ou seja, na circulação de milhares ou milhões de automóveis e de caminhões, de um sem número de trens, metrôs, barcos...

Quando em uma cidade não há planejamento da ocupação do solo, nem o uso de tecnologias, nem mudanças culturais e/ou  estruturação e normatização adequada por parte do poder público, isto resulta em uma qualidade de vida  pior; elevados gastos de combustíveis, geralmente fósseis; perda de tempo em engarrafamentos; diminuição da qualidade do ar com o aumento de vários tipos de doenças, inclusive pelo "stress"; diminuição de potencialidades e oportunidades, como o turismo; e, custos maiores nos produtos e serviços - quase sempre por uma logística nem sempre adequada às necessidades da sociedade. 

Transtornos esses agravados pela cultura do uso individual do transporte e pela não priorização histórica pelos governantes de transportes coletivos de qualidade, eficientes, a custos compatíveis e cumpridores dos horários preestabelecidos; visto que nesse setor existem muitos e poderosos interesses econômicos em jogo, ficando assim prejudicada a qualidade de vida e mesmo as condições de mobilidade urbana de grande parte da população de nossas cidades. 

Também é preciso ser levado em consideração na construção de um projeto de mobilidade urbana sustentável que haja um plano bem estudado de prevenção dos problemas sociais, por exemplo, trabalhar para se evitar ou diminuir a formação das favelas e a consequente ocupação irregular do solo urbano - para evitar problemas futuros tanto com o transporte coletivo, quanto com a violência e com o meio ambiente – ocupação de mangues, encostas, margens de rios, por exemplo. O que quase sempre acaba trazendo outras consequências sociais, como em caso de calamidades climáticas – chuvas e enchentes, como as que o País passa neste verão.

Dentro desse contexto, é fundamental que com o início de novas administrações municipais, haja a compreensão por parte dos gestores, do papel cada vez mais importante de priorizar a gestão ambiental em suas administrações - realizando a estruturação adequada das áreas responsáveis pela ação ambiental, com pessoas qualificadas à frente das mesmas e integradas com as  demais  ações e  políticas municipais;  o que  associado ao  grande ferramental que hoje se pode lançar mão - equipamentos eletrônicos e de estudos já realizados em outros setores públicos e privados, pode contribuir muito para tornar o desenvolvimento local sustentável e com isso as cidades terem garantida uma melhor mobilidade.

Entre os parâmetros  a serem incluídos na gestão ambiental visando à busca de sustentabilidade para os centros urbanos, devem estar a identificação/estabelecimento de indicadores que permitam  construir uma base de dados que ajude a entender a dinâmica do que ocorre com a cidade do ponto de vista sócio-econômico-ambiental, para que possa haver um melhor monitoramento das condições de vida; e, principalmente, que a realização das  intervenções urbanas sejam baseadas em um  planejamento adequado e com visão de longo prazo, para que venham de fato a permitir uma facilitação dos deslocamentos na cidade no presente e um crescimento ordenado e com qualidade no futuro.

O importante, no entanto, para a construção de sustentabilidade e de mais mobilidade urbana, é que, haja responsabilidade e boa vontade de todos os atores envolvidos com a problemática socioambiental – públicos e privados e com isso se possa garantir a sustentabilidade das cidades - cientes de que é muito complicado transformar os discursos em práticas realmente sustentáveis. E parece ser este o grande desafio  das novas administrações para se atingir aos propósitos de tornar as cidades com  mais qualidade de vida e de fácil locomoção.

Prof. Luiz Fernando Schettino

(I)http://www.folhavitoria.com.br/site/?target=coluna&cid=9&historico=2008-12


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