quinta-feira, 18 de junho de 2015

Praias, lixo, educação ambiental & Qualidade de vida



Artigo Publicado na Coluna Schettino, Jornal Folha Vitória, em 05/02/2009.

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Estamos em pleno verão e, nos últimos dias, apesar das chuvas em muitas localidades de nosso Estado, as praias estão lotadas. A alegria é contagiante, pois verão é uma estação de desconcentração, de renovar as energias, de se preparar para mais um ano de trabalho, de estudos e por aí vai...  Isso também deixa feliz os comerciantes locais e gera muitos empregos e renda em nosso querido Espírito Santo, assim como deve ser nos demais Estados costeiros brasileiros. 

Nessa época do ano, também é que quem vive no litoral percebe mais facilmente o aumento da presença de lixo nas praias, obviamente, devido à presença de maior número de pessoas. Contudo, a nosso ver, não deveria ser assim, tendo em vista que, mesmo com o aumento do número de pessoas circulando nas praias, deveria também existir um planejamento e um maior número de pessoas e equipamentos para realizar a sua limpeza; orientar, educar e fiscalizar cidadãos e comerciantes, pois praia limpa (ou qualquer lugar), "não é a que mais se limpa, mas a que menos se suja".

Mas, o que me chamou a atenção, para esta questão, no início deste ano, além dos problemas corriqueiros que levam à existência indevida de sujeira nas praias, foram reportagens na mídia nacional mostrando os impactos do lixo em praias, especialmente em Salvador, o que levou até mesmo artistas de renome nacional a fazerem apelos para que as pessoas colaborem com a limpeza da cidade, não jogando lixo nas praias e demais logradouros públicos; assim como, a percepção, em algumas praias em que estive neste verão, da presença maior de lixo.
Percebi também que, em algumas praias, os vendedores ambulantes não estão usando em seus "carrinhos", as tradicionais cestinhas, para colocar o papel do picolé e os palitos, ou o sabugo e as palhas do milho verde, por exemplo, que em algumas praias, não há uma distribuição adequada de latões de lixo, ou estes não existem, inclusive em calçadões, o que faz com que as pessoas mais ambientalmente educadas fiquem procurando com o lixo na mão sem saber onde depositá-lo...

Lixo nas praias, além de uma demonstração de falta de sensibilidade e respeito ao meio ambiente, é também uma forma de contaminação e risco à saúde humana, sem contar que espécies das faunas terrestres e marinhas podem comer algumas coisas indevidamente, como no caso das sacolas plásticas transparentes que, ao caírem na água, podem acabar indo parar no estômago de alguns animais aquáticos, podendo lhes causar a morte.
Praia é sinônimo de beleza, de qualidade de vida, de alegria e de bem estar e por isto, não combina com sujeira, contaminações, lixo, etc, em virtude do que é necessário que algumas ações simples, mas permanentes possam ser realizadas para garantir que as mesmas continuem a ter esse mote. Por que não fazer um grande trabalho de conscientização e de educação ambiental com comerciantes e ambulantes? Por que não exigir desde as cestinhas dos ambulantes ao acondicionamento correto do lixo por todo o comércio de praia; e, por consequência, melhorar o funcionamento dos sistemas públicos de coleta de lixo, com ações diferenciadas para o período de verão, onde já não o exista? Por que não incluir, na concessão de serviços, de qualquer natureza, relativos às praias, a obrigatoriedade de frases educativas e/ou de mensagens nos serviços de som sobre o lixo e outras questões ambientais? Pois, muitas vezes, as pessoas não colaboram por não saberem como fazerem, ou por não serem solicitadas e/ou cobradas para tal.

Verão é um bom momento para realizar um grande projeto de educação ambiental, visto que, do mesmo modo como se programam ginásticas  e outras ações de lazer ao som de músicas nas praias e muitas pessoas se motivam e participam, o mesmo pode ser feito com a limpeza e a defesa ambiental.  É preciso que existam, porém, formas de fazer com que os cidadãos, mesmo em seus momentos de lazer, descontração e alegria, se tornem  aliados das causas ambientais e da defesa de sua própria qualidade de vida.
Entretanto, não estamos falando de campanhas espetaculares e a custos altíssimos em finais de semana apenas para dar mídia, mas de trabalhos permanentes, intensificados no verão e que envolvam, além dos "atores" da praia diretamente, também outros igualmente importantes, tais como: companhias aéreas, agências de turismo, hotéis, imobiliárias, etc. E assim, ano após ano, nossos verões, além de  maravilhosos  promoverão mais qualidade de vida devido ao crescimento da consciência ambiental.

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